Blanca Musachi
Puede escribir sus comentarios aBuenos Aires dos anos 80. A paixão da palavra me levaria à análise. Começaria também a estudar psicanálise, antes de entrar na universidade, num grupo de estudos. Pouco tempo depois retornaria a Buenos Aires o por aquele então já famoso psicanalista e escritor, Germán García, que me daria a oportunidade do encontro com Lacan! Tratava-se de um universo de discurso que colocava em questão a formação do analista em relação à universidade, e ao mesmo tempo questionava a mal-entendida extraterritorialidade da psicanálise para melhor situá-la em relação éxtima aos outros discursos.
O encontro com Lacan foi um encontro com uma língua estrangeira que começou com a leitura de um dos textos dos Escritos: "A direção do tratamento e os princípios do seu poder"; mas uma frase do seminário de Lacan, de 24 de janeiro de 1968, significou, a posteriori,esse encontro: "No formamos parte del plan de prestaciones de servicios universitarios; no puedo darles nada a cambio de su presencia. Lo que les divierte es que ustedes sienten que, justamente, algo pasa (...) Es ya un pequeño comienzo para la dimensión del acto". Encontro com uma língua extrangeira que exigia um duro despertar, mas algo diferente se passava na relação ao saber; uma nova relação ao saber; uma nova relação à palavra, mais divertida, teve começo desde a primeira primavera com Lacan.
São Paulo, início de 2003. Outra língua estrangeira. Novo encontro com Lacan facilitado pela generosidade de Angelina Harari. Nove anos
depois, encontro-me trabalhando intensamente na EBP e no Instituto do Campo Freudiano com uma alegria renovada em relação ao saber, produto da passagem a outra língua com Lacan, só possível pelos efeitos de uma nova análise e da acolhida dos colegas. De outro lugar, ainda hoje, ecoam verdadeiras aquelas palavras de Lacan: o que nos diverte é que algo se passa!
Blanca Musachi
Psicanalista em São Paulo-Brasil
Membro da Escola Brasileira de Psicanálise
Membro da Associação Mundial de Psicanálise